Escultura (em latim, sculpere, ‘esculpir’), arte de criar formas figurativas ou abstratas, tanto planas quanto em relevo.
Técnicas e materiais
É possível fazer esculturas com quase todos os materiais orgânicos e inorgânicos. Os processos da arte escultória datam da antigüidade e sofreram poucas variações até o século XX. Estes processos podem ser classificados segundo o material empregado: pedra, metal, argila ou madeira. Os métodos utilizados são o entalhe, a modelagem e a moldagem. No século XX, o campo da escultura foi ampliado e enriquecido, com o surgimento de técnicas novas — como a soldagem e a montagem — e a utilização de novos materiais, entre eles o tubo de néon.
Entalhe
O entalhe, considerado o paradigma da técnica da escultura, é um processo que requer tempo e esforço. O artista trabalha uma escultura, cortando ou extraindo o material supérfluo, até obter a forma desejada. O material é sempre duro e, com freqüência, pesado. Geralmente, o desenho é compacto e determinado pela natureza do material. Por exemplo, o estreito bloco de mármore que Michelangelo utilizou para esculpir David (1501-1504) condicionou de forma notável a postura e limitou o movimento espacial da figura.
A escolha da ferramenta a ser utilizada depende do material sobre o qual se vai esculpir e do estado em que este se encontre. No caso da pedra, os primeiros cortes de desbaste são feitos com ferramentas muito afiadas. Depois desta fase, o escultor continua a obra, talhando e esculpindo. Posteriormente, passa a usar ferramentas menos cortantes, como a goiva e a lima. O trabalho de acabamento é feito com uma lima suave. Por fim, o artista recorre a uma lixa, pedra-pome ou areia. Caso pretenda maior grau de suavidade, acrescenta uma pátina transparente, feita com azeite ou cera.
Modelagem
A modelagem consiste em acrescentar ou elaborar formas. Para isso, são utilizados materiais macios e flexíveis, aos quais se pode dar forma sem dificuldade. Desta maneira, o escultor pode captar e registrar impressões no tempo aproximado ao que um pintor necessita para fazer um esboço. Entre os materiais utilizados, desde a antigüidade, para modelar uma escultura, estão a cera, o gesso e a argila. Posteriormente cozidas, elas se tornam mais resistentes.
Moldagem
O único método para tornar durável uma obra modelada é moldá-la ou fundi-la em bronze ou alguma outra substância não-perecível. Existem dois métodos de moldagem: a cera perdida e a areia. Ambos os métodos são utilizados desde a antigüidade, embora o processo com cera perdida seja mais comum. A moldagem feita com areia é um processo mais complicado, pois utiliza um tipo de areia muito fina e de grande coesão, misturada com uma pouco de argila. Assim, obtém-se um modelo positivo e um molde negativo, um pouco maior do que o original do artista. Por fim, o escultor derrama, entre ambas as camadas, o metal derretido, que endurece ao esfriar.
Construção e montagem
Embora as técnicas tradicionais continuem a ser utilizadas, muitas esculturas do século XX foram feitas com base na construção e na montagem. Estes métodos remetem à colagem, técnica pictórica criada, em 1912, por Pablo Ruiz Picasso e Georges Braque e que consiste em colar papéis e outros materiais diferentes sobre uma pintura. Nas suas construções, Picasso usou papel e outros tipos de material para produzir objetos tridimensionais. A escultura construtivista vai das caixas surrealistas de Joseph Cornell até as obras com sucata de automóveis e partes de máquinas de John Chamberlain, ambos norte-americanos. O termo montagem, que na atualidade se confunde à construção, foi conde pelo pintor francês Jean Dubuffet para referir-se à própria obra, surgida da colagem.
Michelangelo (1475-1564), um dos maiores criadores de toda a história da arte, figura notável do Renascimento italiano, assim como Leonardo da Vinci. Como arquiteto, escultor, pintor e poeta, exerceu enorme influência, tanto em seus contemporâneos como em toda a arte ocidental posterior.
Juventude em Florença
Suas primeiras obras foram os relevos Batalha dos centauros e a Virgem na escada, ambas de 1489-1492. Passou uma temporada em Bolonha, onde esculpiu, entre 1494 e 1495, três estátuas de mármore para a urna de São Domingos, na igreja de mesmo nome.
Primeira estada em Roma
Em Roma, Michelangelo realizou sua primeira escultura em grande escala, o monumental Baco (1496-1498). Na mesma ocasião, esculpiu a Pietà (1498-1500).
Primeiro retorno a Florença
A estátua de David, realizada em seu regresso a Florença, marca o ponto culminante do estilo juvenil de Michelangelo; é o maior exemplo da assustadora genialidade do artista toscano, traço característico de muitas de suas esculturas e também de sua própria personalidade.
A abóbada de Capela Sistina
Em 1505, Michelangelo interrompeu seu trabalho em Florença e foi a Roma, a chamado do papa Júlio II, para realizar a decoração da abóboda da capela Sistina: nove cenas do livro do Gênesis, que o ocuparam de 1508 a 1512; e o Juízo Final, que só concluiria em 1541.
O túmulo de Júlio II
Em 1505 também lhe foi encomendado o túmulo de Júlio II, para o qual realizou algumas de suas melhores esculturas, como o Moisés (c. 1515), outro assustador exemplo da genialidade de Michelangelo, o Escravo moribundo e o Escravo rebelde (c. 1510-1513).
Biblioteca Laurenciana
Sua atividade como arquiteto só começou de fato em 1519, quando desenhou a fachada (nunca realizada) da igreja de São Lourenço, em Florença. Durante a década de 1520, projetou também a Biblioteca Laurenciana (sala de leitura e vestíbulo com degraus de acesso).
Túmulos dos Medici
Durante essa longa temporada em que residiu em Florença, coube-lhe também — entre 1519 e 1534 — a tarefa de construir os túmulos dos duques de Medici: um, destinado a Lourenzo de Medici e o outro, a Giuliano de Medici. Ambos foram construídos como representação de duas atitudes justapostas: a de Lourenzo, contemplativa e introspectiva; a de Giuliano, ativa e extrovertida.
O Capitólio
Em 1538-1539, tiveram início as obras de reforma dos edifícios da Praça do Capitólio (Campiodoglio) de Roma. O projeto de ordenação da praça, desenhado por Michelangelo, só foi realizado no final da década de 1550 e concluído no século XVII. O artista concebeu o Capitólio como um espaço ovalado e colocou no centro a antiga estátua eqüestre do imperador Marco Aurélio. Dispôs ao redor o Palácio dos Conservadores, o Museu do Capitólio e o palácio do Senado, dando ao conjunto uma nova uniformidade construtiva, de acordo com a monumentalidade própria da Roma antiga.
A Basílica de São Pedro
A obra máxima de Michelangelo arquiteto, é a Basílica de São Pedro, com sua cúpula impressionante. A direção das obras, iniciada por Donato Bramante e retomada, entre outros, por Antonio da Sangallo e Rafael, foi entregue a Michelangelo pelo papa Júlio II, em 1546. Seguindo o esquema de Bramante, Michelangelo desenhou um templo com a planta em cruz grega, coroado por uma espaçosa e monumental cúpula sobre triângulos curvilíneos de 42 m de diâmetro. Posteriormente, Carlo Maderno modificou a planta original e transformou-a em cruz latina.
Picasso, Pablo Ruiz (1881-1973), pintor e escultor espanhol, considerado um dos artistas mais importantes do século XX. Artista multifacetado, foi único e genial em todas as atividades que exerceu: inventor de formas, criador de técnicas e de estilos, artista gráfico e escultor.
Período de formação
O gênio de Picasso manifestou-se desde muito cedo: aos 10 anos de idade, fez suas primeiras pinturas e, aos 15, passou com brilhantismo nos exames para a Escola de Belas Artes de Barcelona, com a grande tela Ciência e Caridade (1897), ainda em moldes acadêmicos.
Período azul
Entre 1900 e 1902 fez três viagens a Paris, onde se estabeleceu finalmente, em 1904. Os temas das obras de Edgar Degas e de Henri Marie de Toulouse-Lautrec, bem como o estilo deste último, exerceram grande influência em Picasso. A casa azul (1901) demonstra sua evolução para o período azul, assim chamado pelo predomínio dos tons dessa cor nas obras realizadas nessa época.
Período rosa
Pouco depois de se estabelecer em Paris, nos anos de 1904 e 1905, iniciou o chamado período rosa, concentrando sua temática no mundo do circo e criando obras como Família de arlequins (1905).
Protocubismo
No verão de 1906, durante uma estada em Gosol, Andorra, sua obra entrou em uma nova fase, marcada pela influência das artes gregas, ibérica e africana. O célebre retrato de Gertrude Stein (1905-1906) revela um tratamento do rosto em forma de máscara. A obra chave desse período é As senhoritas de Avignon (1907), em que rompe a profundidade espacial e a forma de representação ideal do nu feminino, restruturando-o por meio de linhas e planos cortantes e angulosos.
Cubismo analítico e sintético
Entre 1908 e 1911, Picasso e Georges Braque, inspirados no tratamento volumétrico das formas pictóricas de Paul Cézanne, trabalharam em estreita colaboração, desenvolvendo juntos a primeira fase do cubismo, hoje conhecida como cubismo analítico. Nela se destaca Daniel Henry Kahnweiler (1910).
Em 1912, Picasso realizou sua primeira colagem, Natureza morta com cadeira de palha. Esta técnica assinala a transição para o cubismo sintético.
Escultura cubista
O busto em bronze de Fernande Olivier (também conhecido como Cabeça de mulher, 1909) mostra a consumada habilidade técnica de Picasso no tratamento das formas tridimensionais. Compôs ainda grupos como Bandolim e clarinete (1914), constituídos por fragmentos de madeira, metal, papel e outros materiais.
Realismo
Em estilo realista figurativo são: Pablo vestido de arlequim (1924), Três mulheres na fonte (1921), As flautas de Pã (1923), Mulher dormindo na poltrona (1927) e Banhista sentada (1930).
Pinturas: 1930-1935
Vários quadros cubistas do início da década de 1930, em que predominam a harmonia das linhas, o traço curvilíneo e um certo erotismo subjacente, refletem o prazer e a paixão de Picasso por seu novo amor, Marie Thérèse Walter, como se observa em Moça diante do espelho (1932).
Guernica
Em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil espanhola, a aviação alemã, por ordem de Francisco Franco, bombardeou o povoado basco de Guernica. Poucas semanas depois Picasso começou a pintar o enorme mural conhecido como Guernica, em que conseguiu um esmagador impacto como retrato-denúncia dos horrores da guerra.
A II Guerra Mundial e os anos do pós-guerra
A deflagração e o posterior desenvolvimento da II Guerra Mundial contribuíram para que a paleta de Picasso se obscurecesse e a morte se tornasse o tema mais freqüente da maior parte de suas obras. É o que se vê em Restaurante com caveira de boi e em O ossário (1945).
Últimos trabalhos
Em 1964, realizou a maquete de Cabeça de mulher, monumental escultura em aço soldado, erigida em 1966, no Centro Cívico de Chicago.
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